sábado, 17 de maio de 2014

A culpa, meu caro Bruto, não é de nossas estrelas.

Pensei muito se abordaria esse assunto ou não.

O tão famoso livro A culpa é das estrelas, o qual foi lido por muitos e pensado por poucos. Não vou fazer uma resenha do livro, nem dizer sobre o que eu acho sobre os personagens e desenvolvimento da história, não acho necessário. Mas existem algumas coisas sobre as quais eu gostaria de falar sobre o tal do livro de romance que ficou em primeiro nas vendas de muitas livrarias, ganhou direito a um filme e muitas fanfics.

Ainda não sabe do que eu estou falando? Então, veja bem, a frase alguns infinitos são maiores do que outros é familiar a você? Ou, talvez, a troca de palavrinhas Okay? Okay. 

Conheço muita gente que leu o livro pelo fato de ter essas frases. Muita gente o leu por ter visto na descrição da foto de alguém uma citação do livro. E isso estragou demais o livro. Sou totalmente fã do John Green, li todos os seus livros (que são maravilhosos) e li A culpa é das estrelas duas vezes. Por isso, fico horrorizada quando vejo pessoas tratando o livro de modo tão superficial.

Para quem não sabe, TFIOS foi dedicado a Esther Earl. Apesar de Hazel também ter uma doença terminal, andar por aí com uma cânula respiratória e carregar em seu nome Grace, o nome do meio de Esther, a história do livro não foi inspirada em Esther. Esther Earl nunca chegou a conhecer um perneta bonitão, nunca experimentou a história de ver seu amor sucumbir ao câncer nem nada parecido.

Aquela história dos infinitos maiores que outros não era uma bobagem qualquer para adolescentes apaixonados. John disse na introdução do livro A estrela que nunca vai se apagar (This star won't go out), enquanto descrevia os últimos dias que passara com Esther:

"[...] Usou essa palavra ao se referir, em certo momento, ao amor que sentia pela família: "infinito"; e pensei que infinito não é a mesma coisa que um grande número. É totalmente diferente. É algo ilimitado. [...] Todo mundo deve e vai morrer. Não se pode escapar dessas limitações. Mas o milagre e a esperança da consciência humana é que ainda podemos conceber a infinitude."

Os maiores e menores infinitos que John Green descreve em TFIOS não devem ser considerados no modo literal. O amor de Hazel e Augustus seria infinito assim como o amor de Esther por sua família. Não importa o quanto eles viveriam. Então, não julgue a frase tão superficialmente. O assunto Hazel-Esther é bastante complicado para ser colocado em um contexto qualquer.

Outra coisa delicada é o sonho de John em TFIOS. Quem leu o livro, sabe que Hazel teve seu milagre, e foi uma das poucas pessoas que o tão milagroso Falanxifor surtiu efeito. Ao longo do livro, o tal do Falanxifor foi citado diversas vezes. Viva o Falanxifor! Mas é possível ver o desejo que Green tinha de sair das limitações que a própria Esther teve de viver.

"Essa doença e seu tratamento são comentados ficticiamente nesse livro. Por exemplo, o Falanxifor não existe. Eu o inventei, porque gostaria que existisse".

Por último, deixo um pouquinho dos pensamentos de Esther no ar. Tentem ler A culpa é das estrelas com a visão de John, mas não esqueçam: "Nem os textos nem os leitores se beneficiam de tentativas de descobrir se há fatos reais por trás de uma história fictícia. Tais esforços são um ataque direto à crença de que histórias inventadas podem ser relevantes, o que é mais ou menos a crença fundamental de nossa espécie".

Se eu tivesse a escolha de voltar no tempo de alguma forma e impedir o câncer, eu não faria isso, porque mudaria muitas coisas. - Esther Earl

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