quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Nunca pensei.

Nunca pensei em sorrir para estranhos, sorrir para vizinhos, sorrir para qualquer um que nunca tivesse visto meu sorriso. Nunca pensei em pegar a bicicleta e fugir pra, sei lá, o Rio de Janeiro, fugir com minha cadelinha a tiracolo, fugir do ar poeirento e abraçar o ar límpido de qualquer que seja a minha liberdade. Nunca pensei em colocar galochas e pular em poças, encharcar minhas meias, espirrar água nos tornozelos das pessoas que passam. Nunca pensei em fotografar minhas pernas cheias de cicatrizes, meus pés magros e meus dedos calejados. Nunca pensei em deitar no meio do asfalto e procurar estrelas cobertas por tudo, por poluição, por nuvens e por sonhos que flutuaram até o céu e ali ficaram. Nunca pensei porque não me foram dadas alternativas, porque não há possibilidades e os limites estão ali, implícitos. Nunca pensei porque não faz sentido ser sonhadora desse modo. Nunca pensei porque ninguém nunca pensou, e isso faz toda a diferença.  

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